segunda-feira, 29 de julho de 2013

Algumas considerações sobre o Integralismo e a Moral Sexual

Leonardo Matos
Originalmente publicado em 22 de Julho de 2012

"Entre os Integralistas, internamente ao movimento, podemos aconselhar que sigam as orientações de suas respectivas religiões. Como Estado, não poderá o Integralismo atuar invadindo a intimidade de qualquer indivíduo ou família (ainda que em formação). Mas jamais pode ser patrocinador da promiscuidade como têm sido os governos nas últimas décadas!"

Lucas P. Carvalho - Diretor Administrativo Nacional da FIB.

Dada a polêmica gerada, acho interessante algumas considerações. Lembrando sempre que não sou dono do Integralismo e nem pretendo falar em nome de todo o Movimento Integralista. Todos são Seres Humanos, dotados de livre arbítrio para discordar.

As considerações alinhavadas aqui não foram originalmente concebidas como um artigo. Foram feitas em um debate num grupo integralista na rede social "facebook". Não fosse pelo esforço e "garimpo" do grande integralista Sérgio de Vasconcellos, administrador dos blogs Integralismo , Integralismo e História , Ação dos Blogs Integralistas (entre muitos outros), talvez tivessem sido perdidas na internet. Esse é um assunto que pode ser mais aprofundado, contudo, é importante disponibilizar estas considerações, para que sejam uma ferramenta na formação da opinião de nacionalistas, integralistas e do público em geral.

O Integralismo não é uma religião. O Integralismo é uma Filosofia e uma Doutrina Política. O projeto Integralista para a Nação Brasileira não é um projeto religioso, mas um projeto filosófico e principalmente político. São nesses campos que devemos ter a atitude que vai inspirar os nossos compatriotas.

No livro "Direitos e Deveres do Homem", Plínio Salgado fala dos direitos da Sociedade Religiosa como grupo natural (ver "O Integralismo e o Sistema de Voto Distrital" para maiores considerações sobre os "Grupos Naturais") e não de uma ou outra religião específica. Mais adiante, ainda no capítulo em que Plínio trata dos direitos da Sociedade Religiosa, aos integralistas católicos ele cita a Encíclica "Divini Redemptoris" de Pio XI em que aconselha:

“a união de todos os que crêem em Deus (mesmo não sendo católicos) na luta contra o materialismo do nosso século, o que evidencia o espírito de tolerância da Igreja”[1].

Depois, Plínio cita PIO XII, que em sua Alocação ao Sacro Colégio, continua o pensamento de PIO XI:

“Não vacilem (os católicos) em unir esforços com os daqueles que, ainda que estejam fora de suas fileiras encontram-se, todavia, de acordo com a Doutrina Social da Igreja Católica e estão dispostos a percorrer o caminho traçado por ela, que não é o caminho das perturbações violentas, mas o das experiências provadas e o das enérgicas resoluções”[1].

A Doutrina Social da Igreja Católica está descrita na encíclica "Rerum Novarum - Sobre a Condição dos Operários". É um documento em que a Igreja descreve como ela acredita que uma sociedade deve se organizar socialmente e politicamente. É um documento de orientação política e não teológica. É nesse documento que o Integralismo se inspirou para construir seu projeto político. Leiam a encíclica "Rerum Novarum" e encontrarão a extrema semelhança com o Manifesto de Outubro de 1932. Quando falamos que o Integralismo é inspirado na Igreja Católica, é principalmente disso que estamos falando.

Sobre a castidade antes do casamento, isso é um valor moral religioso cristão com certeza. Mas para o Integralismo de nada adianta o cidadão ser casto antes do casamento, mas oferecer propina a um policial durante uma "blitz" ou então aceitar vantagens em função de um cargo que ocupe.

É bem verdade que a busca desenfreada pelo prazer, a promiscuidade, é identificada por Plínio Salgado como uma manifestação do Espírito Burguês materialista no livro "O Espírito da Burguesia". Ele escreve:

“Os burgueses entregam-se à luxúria, possuem várias concubinas além da esposa legítima, não se respeitam reciprocamente quando tratam de conquistar recíprocas mulheres”[2].

Nesse ponto, falando politicamente e não religiosamente, acredito que cabe a reflexão: É fato que o Integralismo combate os valores materialistas, no entanto, onde estão realmente os valores materialistas burgueses? Simplesmente na prática do sexo antes do casamento ou na banalização do sexo, da promiscuidade e da busca descontrolada pelos prazeres, seja antes ou depois do casamento? Um casal jovem, fiel, com intenções reais e sérias de formar uma família, que pratica o sexo antes de oficializar sua união pode ser condenado pelo Integralismo (como movimento político), sob o ponto de vista filosófico e político?

Ao invés de focar as politicas públicas unicamente na distribuição em larga escala de preservativos, incentivando tacitamente a promiscuidade, não seria mais responsável o Estado promover campanhas e ações fortes sobre:

- as terríveis consequências que as DSTs trazem ao organismo e ao estado psicológico do indivíduo.

- as vantagens sociais, psicológicas e físicas da monogamia.

Nesse caso sou da opinião que, sendo uma doutrina filosófica e política, não cabe Integralismo fazer o juízo de valor sobre a castidade de um cidadão antes do casamento oficializado. Não cabe ao Movimento Integralista proibir ou liberar o ato sexual antes do casamento. O Integralismo deve sim condenar a promiscuidade desenfreada e irresponsável, seja antes ou depois do casamento, pois ai reside realmente o valor materialista burguês que o Integralismo combate.






[1] SALGADO, Plínio. Direitos e Deveres do Homem. 2ª ed. In Obras Completas. 2ª ed., vol. V. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 316-317.

[2] SALGADO, Plínio. Espírito da Burguesia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Brasileira, 1951, p. 17.